Presença do SITEU na Assembleia da República

 
 

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A comissão de saúde do Grupo Parlamentar do PSD, quis ouvir os trabalhadores da saúde e os sindicatos, de modo a perceber o porquê do êxodo dos profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde.
Esperamos ter a gravação da intervenção da Presidente do SITEU para dar a conhecer aos Enfermeiros e a todos os profissionais da saúde, que estejam interessados em saber, o que foi levado à discussão.
Numa sociedade, a população trabalha para se poder sustentar, para ganhar o seu salário de modo a viver a vida, que não é o seu trabalho. Mas trabalha também, para ter reconhecimento pessoal e social.
Logo, existem dois salários importantes no trabalho, que é o salário monetário e o salário emocional.
É legítimo que todos os cidadãos procurem melhores condições salariais, mais reconhecimento pessoal, maior crescimento individual e profissional.
Quando isto não é possível alcançar no SNS, os trabalhadores procuram fora do SNS.
De modo muito pragmático, para fixar os trabalhadores ao SNS e principalmente os enfermeiros são necessárias condições contratuais estáveis, os contratos precários têm de acabar, para que haja estabilidade pessoal, profissional e familiar.
É necessário que as instituições e os administradores respeitem as leis do código geral de trabalho e da lei de trabalho em funções públicas. As leis de proteção à parentalidade, a lei da amamentação e a lei do estatuto de trabalhador estudante são as mais agredidas diariamente pelas direções das instituições.
É necessário que seja valorizada a experiência profissional, um enfermeiro com 15 ou 20 anos de experiência, não pode ir para a base salarial, porque pretende mudar da instituição onde trabalha, indo para o nível remuneratório de um recém formado.
É necessário haver efetivamente avaliação do trabalho dos enfermeiros, mas uma avaliação que estimule o crescimento profissional e pessoal, uma avaliação que não castre os enfermeiros.
Os enfermeiros têm que ser valorizados quando perseguem o crescimento pessoal e a evolução na profissão, quando aspiram mais reconhecimento, enfermeiros que investem na sua valorização não podem ser remetidos a cotas redutoras da valorização pessoal e profissional.
Tem de haver uma evolução salarial ao longo dos anos em que se solidifica a experiência profissional, uma profissão não pode ter uma carreira contributiva de 110 anos, em que no topo da carreira, após 110 anos de trabalho, o salário são 2994 euros.
É, não é erro, são mesmo necessários 110 anos para chegar aos 2994 euros.
É necessário entender que os enfermeiros trabalham com vidas, não podem colocar as vidas dos seus doentes em risco porque estão a trabalhar com limitações próprias da idade.
Após os 60 anos, numa profissão extremamente desgastante emocionalmente e fisicamente, é percetível que não estejam capazes de responder às necessidades dos doentes, às necessidades de uma emergência. Os enfermeiros após os 60 anos estão imensas vezes de baixa médica, precisamente porque as limitações físicas e psicológicas não lhes permitem trabalhar.
Para as Finanças, será complemente igual as verbas que saem do ministério do trabalho e segurança social, para a reforma ou para a proteção na doença. Pelo que é emergente que os enfermeiros possam se reformar aos 60 anos de idade.
Os enfermeiros são profissionais extremamente habilitados academicamente, com produção de conhecimento científico e com títulos académicos. A enfermagem será uma das profissões que mais evoluiu neste último 20 anos a nível da formação superior. A remuneração dos seus profissionais tem de acompanhar este saber científico e este saber no cuidar.
Os enfermeiros são quem garante a sustentabilidade económica, a organização e a poupança nas instituições através da sua gestão e organização dos serviços, na gestão do material e na manutenção dos aparelhos de milhares de euros, necessários para a realização de uma cirurgia de milhares de euros, tudo está sob a responsabilidade dos enfermeiros. É necessário que isto esteja sempre presente nas tomadas de decisão.
São os enfermeiros que promovem a economia dos cuidados diferenciados quando realizam a prevenção da doença nos cuidados primários.
É necessário que não haja carreiras ricas e carreiras pobres no SNS.
É necessário que a carreira de enfermagem seja reformulada e os níveis remuneratórios sejam aumentados.
Devem os rácios de trabalhadores estarem dignos, para os portugueses terem cuidados atempadamente, mas em simultâneo que permitam que o enfermeiro na sua jornada possa ir almoçar e ao WC.
E não podiamos terminar a intervenção sem dizer, que só os médicos e os empresários querem as PPP.
Nenhum outro profissional de saúde que tenha trabalhado verdadeiramente numa PPP, quer a pressão e a exploração que lá viveu.
Para além de um salário adequado às suas responsabilidades os trabalhadores querem respeito e serem tratados com urbanidade.